Os Serviços de Saúde foram notificados, a 5 de Junho, para um caso de infecção colectiva por enterovirus detectado na turma Grande L da Creche da Associação Geral das Mulheres de Macau, situada na Rua do Campo, tendo sido infectadas 5 crianças, 3 do sexo masculino e 2 do sexo feminino, com idade compreendida entre os 2 e 3 anos de idade.
Os primeiros sintomas de infecção de enterovírus manifestaram-se no dia 3 de Junho, tendo os pais recorrido a instituições médicas para tratamento das crianças. Não houve registo de qualquer caso grave, ou caso de internamento, nem caso com sintomas anormais do sistema nervoso ou de outras complicações graves.
Os Serviços de Saúde já procederam à recolha de amostras para análises laboratoriais e foram reforçadas as indicações à creche para que haja a implementação de medidas que possam controlar o foco da infecção, tais como limpeza e desinfecção geral.
De acordo com os dados de monitorização o número de casos de infecção por enterovírus em Macau aumentou em Maio, o que significa uma maior actividade do vírus pelo que os Serviços de Saúde apelam a uma maior prevenção.
De acordo com os dados de monitorização dos Serviços de Saúde, desde o dia 1 de Janeiro de 2019 e até o dia 4 de Junho, o número de Enterovirus foram declarados pelos médicos 2.391 casos. Em Maio, o número de casos de infecção por enterovírus (1.056 casos) registou um aumento de 429 casos comparativamente a Abril e quase duplicou quando comparado com o mesmo período do ano anterior.
Também foi registado um aumento do número de casos colectivos. Em Maio foram notificados 19 casos de infecção colectiva de enterovírus, um aumento de 11 casos em relação ao mesmo período do ano anterior. Desde 1 de Janeiro do corrente ano até agora, acumulou-se foram diagnosticadas 49 infecções colectivas de enterovírus, todos ocorreram em creches e jardins de infância.
Este ano, até ao presente, não foi registado qualquer caso de infecção de enterovírus associados com infecção do sistema nervoso.
A infecção por enterovirus é sazonal, o pico de infecção varia-se em todos os anos, portanto, ambos os índices ano-a-ano e trimestre-a-trimestre podem mudar significativamente; o período do pico de infecção de 2019 ocorreu mais cedo em relação aos anos anteriores (em 2017 e 2018, foram respectivamente em Julho e Junho ).
No âmbito de monitorização laboratorial de agentes patogénicos, no corrente ano, até ao presente, foram detectados 111 estirpes de enterovirus, a taxa positiva foi de 30,5%, principalmente vírus Coxsackie. Em Maio foi detectado uma (1) estirpe de enterovírus do tipo EV71, o paciente era um menino de 1 ano de idade, sem quaisquer anormalidades neurológicas ou outras complicações graves e foi recuperado.
A infecção por enterovírus pode ser causada pelo grupo de Coxsackievírus, Echovírus ou Enterovirus 71. A infecção pelo enterovírus aparece durante o ano inteiro, a nível mundial, mas é no verão que tem maior incidência. Este vírus é tambem a fonte de várias doenças, incluindo as menos graves e frequentes, tais como doenças das mãos, pés e boca e herpangina e, outras mais graves, nomeadamente, miocardite e meningite asséptica.
Em princípio, a doença de mãos, pés e boca afecta as crianças com idade inferior a 5 anos. O período de incubação varia de 3 a 7 dias, e é transmitida por meio de contacto directo com as fezes dos infectados, pelas gotículas de saliva ou pelo contacto com materiais contaminados. Devido ao contacto próximo das crianças nas creches e jardins-de-infância, especialmente, nas actividades de jogos, é fácil ocorrer um surto de doença de mãos, pés e boca, porque o enterovírus possuiu um elevado grau de contágio. No período inicial aparecem sintomas, tais como, febre, dor de garganta, vesículas pequenas ou pústulas vermelhas nas mãos, pés e nádegas, não se manifestando dores nem comichão, e surgem herpes na boca, causando posteriormente úlceras. No período de sete (7) a dez (10) dias, as vesículas e as pústulas vão desaparecendo gradualmente, e o doente fica curado. A transmissão dos enterovírus principia alguns dias antes dos primeiros sintomas surgirem, localizando-se os vírus na garganta e nas fezes e, durante algumas semanas, as fezes do doente contêm estes vírus.
Os Serviços de Saúde estão a prestar atenção ao desenvolvimento da epidemia deste enterovírus e salientam que a maioria dos doentes infectados por enterovírus pode recuperar por si mesmo. Contudo, uma parte muito reduzida dos infectados pode sofrer de complicações fatais. Assim, os Serviços de saúde têm apelado aos pais, alunos, bem como ao pessoal das escolas, creches e lares para adoptarem as seguintes medidas preventivas:
Medidas pessoais:
● Lavar as mãos: Antes de contactar os olhos, o nariz e a boca com as mãos, antes das refeições, após a utilização das instalações sanitárias, depois de manusear fraldas de crianças ou outros objectos sujos;
● Cortesia: Cobrir o nariz e a boca com um lenço de papel quando espirrar ou tossir, adoptando medidas de precaução no manuseamento das secreções nasofaríngeas;
● Diminuir os contactos: Evitar os lugares públicos densamente frequentados, as multidões e os lugares pouco ventilados;
● Aumentar a resistência: Manter uma alimentação equilibrada e uma hidratação adequada, praticar desporto e descansar o suficiente, evitar cansar-se demasiado e não fumar para aumentar a imunidade;
● Recorrer de imediato ao médico: Em caso de aparecimento de sintomas de febre e doença da mão, pé e boca ou herpangina, recorrer imediatamente a consulta médica, especialmente com ocorrência de sintomas graves.
Medidas a aplicar pelos estabelecimentos de ensino ou lares :
● Higiene ambiental: Manter uma renovação de ar suficiente em recintos fechados, utilizando frequentemente a lixívia diluída na proporção de 1:100 para limpar os locais com os quais as crianças frequentemente têm contacto, tais como, as mesas, as cadeiras, os brinquedos e as paredes até à altura de 1 metro etc.;
● Os doentes devem suspender a ida às aulas e a frequência de creches: Prestar atenção à situação dos elementos do pessoal e das crianças, quando aparecerem com sintomas de febre e doença da mão, pé e boca ou herpangina, devem suspender a ida às aulas ou ao trabalho;
● Notificação oportuna: Em caso de aparecer uma infecção colectiva com uma situação anormal entre as crianças ou os elementos de pessoal, devem informar, imediatamente, o Centro de Controlo e Prevenção da Doença dos Serviços de Saúde (Tel.: 2853 3525, fax: 2853 3524) e o Instituto de Acção Social ou a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude.