Em Novembro do ano findo, antes do 48º Grande Prémio, o CCAC recebeu uma queixa sobre a existência de omissões relativas a determinadas tarefas e materiais nas obras de instalação das barreiras de protecção do circuito. Após nove meses de investigação e conclusão de um relatório de mais de 600 páginas, e embora não se tenha descoberto qualquer funcionário público envolvido em actos ilícitos, como a Companhia de Consultadoria das obras do circuito responde perante os Serviços de Turismo, foi comunicado o facto a esses Serviços para, de futuro, reforçarem a fiscalização das obras relativas à segurança do circuito.
De acordo com os elementos constantes dos documentos do concurso público, na "obra de instalação das barreiras de protecção" (obra n.º 1), especialmente na instalação das redes de protecção dos pilotos e dos espectadores, a espessura dos postes das redes é de 5mm; cada poste tem 4 amortecedores de embate para a sua fixação; o diâmetro do arame utilizado na rede é de 4mm. Em relação a esta obra, 9 empresas participaram no concurso público, com o preço das obras variando entre 3 milhões e 200 mil patacas e 1 milhão e 400 mil patacas, tendo a obra sido adjudicada à empresa que apresentou o valor mais baixo.
Durante o Grande Prémio, o pessoal do CCAC fez, in loco, uma investigação do circuito e depois da conclusão do evento, com o apoio de alguns profissionais do ramo, foi feita uma inspecção em 11 locais do circuito. Na zona do circuito que fica defronte do Stand, na Avenida de Amizade, nas curvas dos Hotéis Mandarin e Lisboa, na Calçada do Quartel, no circuito ao longo da Colina da Guia, nas curvas de Dª Maria e de Cacilhas, descobriu-se que a espessura dos postes das redes era de cerca de 4mm e alguns de 2mm, não chegando sequer a metade das medidas exigidas; o diâmetro do arame era de 3mm e 2,5mm. Cada poste para a colocação das redes só tinha 3 amortecedores e não 4 como exigido e nem foram postos todos os parafusos necessários em cada poste. Cerca de 1200 postes não satisfizeram as regras exigidas no concurso público.
O CCAC descobriu ainda que quando a empresa adjudicatária encomendou o fabrico dos postes, as medidas que forneceu não foram as exigidas pelos Serviços de Turismo. No decurso de investigação, alguém da empresa adjudicatária explicou que o que motivou o incumprimento das medidas foi o facto de a fábrica em causa não conseguir fazer tantos postes num período curto. Perante esta questão, o CCAC pediu a opinião de alguns profissionais da àrea de construção e as respostas foram no sentido de que é possível fabricar postes com espessura de 4,5mm entre uma semana e um mês.
Face ao que foi apurado na investigação e porque, como se disse no início, a Companhia de Consultadoria das obras do circuito responde perante os Serviços de Turismo, foram os factos comunicados a esses Serviços para que, de futuro, reforcem a fiscalização das obras relativas à segurança do circuito.