A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) divulga hoje a estimativa preliminar da Balança de Pagamentos (BP) da RAEM para o ano de referência 2021. Composta pela conta corrente, conta de capital e conta financeira, a BP é um registo estatístico integrado que apresenta os resultados das transacções externas entre um sistema económico e todo o mundo.
Em 2021 a estimativa preliminar da BP de Macau registou o superavit de 10,9 mil milhões de Patacas, destacando-se o saldo positivo de 23,7 mil milhões na conta corrente e o decréscimo de 10,1 mil milhões nos activos financeiros líquidos não reserva.
As exportações de mercadorias cresceram 92,4% em termos anuais, enquanto as importações de mercadorias (valor de f.o.b.) ascenderam 58,1%. O déficit registado na conta de mercadorias aumentou de 61,5 mil milhões de Patacas em 2020 para 85,6 mil milhões em 2021, dado que o valor base das importações foi superior ao das exportações. A par isso, o valor total das exportações de serviços subiu 60,1% em 2021, já que as exportações de serviços turísticos voltaram a ascender, enquanto as importações de serviços aumentaram apenas 20,6%. Portanto, alargou-se entre 2020 e 2021 o superavit registado na conta de serviços, de 66,2 mil milhões de Patacas para 116,3 mil milhões.
Na conta de rendimento primário, que reflecte os fluxos transfronteiriços dos rendimentos dos factores, o valor da entrada diminuiu entre 2020 e 2021, de 55,1 mil milhões de Patacas para 46,5 mil milhões, enquanto o valor da saída aumentou de 17,0 mil milhões para 40,6 mil milhões, registando-se em 2021 uma entrada líquida de 5,9 mil milhões. A conta de rendimento secundário, que inclui as transferências correntes entre residentes de Macau e não residentes, registou uma saída líquida de 13,0 mil milhões de Patacas em 2021, o que representa um aumento de 1,5 mil milhões face à saída líquida de 2020.
Em 2021 o superavit da conta corrente situou-se em 23,7 mil milhões de Patacas, tendo descido 7,7 mil milhões, face a 31,4 mil milhões registados em 2020, visto que o superavit observado no comércio de serviços e a entrada líquida de rendimento primário compensaram o déficit do comércio de mercadorias e a saída líquida de rendimento secundário.
Os activos financeiros não reserva registaram uma entrada líquida de 10,1 mil milhões de Patacas em 2021, contra uma saída líquida de 33,8 mil milhões em 2020. Salienta-se que o investimento directo continuou a registar uma saída líquida, descendo de 70,6 mil milhões de Patacas em 2020 para 30,6 mil milhões em 2021, principalmente devido ao declínio dos passivos de investimento directo ter-se estreitado. A saída líquida da carteira de investimentos aumentou de 48,4 mil milhões de Patacas em 2020 para 49,9 mil milhões em 2021, visto que o crescimento dos passivos de carteira de investimentos de Macau aplicada no mercado de não residentes abrandou no ano de referência. Por seu turno, os outros investimentos mantiveram uma entrada líquida, aumentando de 82,4 mil milhões de Patacas em 2020 para 88,6 mil milhões em 2021, uma vez que o aumento dos outros passivos externos dos residentes de Macau superou o dos outros activos externos. A par disso, os derivados financeiros continuaram a registar em 2021 uma entrada líquida e atingiram 2,1 mil milhões de Patacas.
Os activos de reserva na conta financeira visam mostrar variações das reservas cambiais da RAEM detidas pela AMCM. Eliminado o efeito das variações do preço e da taxa cambial, entre outros, os activos de reserva aumentaram 10,9 mil milhões de Patacas em 2021 (tinham aumentado 21,3 mil milhões em 2020), reflectindo um constante superavit na BP global.
A BP da RAEM é compilada de acordo com o padrão promovido pelo “Manual da Balança de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional” (6ª edição), editado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os dados principais disseminados presentemente incorporam as estimativas estatísticas preliminares, sendo os dados revistos publicados posteriormente em relatório estatístico pormenorizado, a divulgar em Dezembro de 2022.
