No período de ano novo chinês, registou-se duma queda súbita da temperatura e, do passado dia 13 a 18 de Fevereiro, o Centro Hospitalar Conde São Januário atendeu 13 casos ligeiros e 1 caso grave de hipotermia. O caso grave foi de uma idosa com 89 anos de idade que tinha hipertensão e diabete. Quando foi enviada para o Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário pelo pessoal da Lar onde habitava, encontrava-se em estado crítico com sinais vitais muito fracos e temperatura corporal baixa. Apesar de submetida a socorrismo, duas horas depois foi certificada falecida. Os Serviços de Saúde apelam aos idosos e doentes crónicas bem como os indivíduos e as entidades responsáveis por os cuidarem para tomarem as medidas adequadas de prevenção e cuidados no sentido de proteger a saúde destes grupos vulneráveis.
Macau situa-se na zona subtropical e tem um clima relativamente ameno durante todo o ano. No entanto, às vezes, o Território regista uma súbita queda de temperatura com tempo muito frio, ou o prolongamento de frio rigoroso pela chegada súbita de uma corrente fria no Inverno. De acordo com as informações disponíveis, a ocorrência de mortalidade adicional e hipotermia no Inverno é mais relevante e assume maior gravidade nas zonas com as características supracitadas, do que nas zonas frias ou muito frias.
A hipotermia ocorre quando a temperatura corporal do organismo cai abaixo dos 35.o C ou 95.o F (confirmada pelo termómetro rectal ou termómetro auricular), e divide-se em três categorias: leve, quando a temperatura se situa entre os 32.o - 35. o C (90.o - 95.o F), moderada, entre os 28.o - 32.o C (82.o - 90.o F) e grave, quando é inferior a 28.o C (82.o F). Em geral, o principal motivo da hipotermia é a falta de roupa quente adequada ou a exposição prolongada ao frio ambiental, verificando-se geralmente nos meses entre Novembro e Março, e acontecendo sobretudo nas zonas de clima mais suave quando a temperatura desce abruptamente, sendo as suas principais vítimas, do sexo masculino, com idade igual ou superior a 65 anos, e que vivem em circunstâncias de exclusão social. Os outros factores de risco incluem as doenças crónicas (nomeadamente, doenças cardíacas, diabetes, distúrbios do movimento, doenças psíquicas), traumatismo, infecção, consumo de álcool, abuso de medicamentos ou substâncias similares e permanência prolongada na água. A hipotermia pode provocar complicações, tais como, inibição do sistema nervoso central, arritmia, insuficiência renal, e, nos casos mais graves, levar a vítima a uma situação de crise fatal, sendo a sua mortalidade bastante alta.
A mortalidade adicional no Inverno refere-se a uma situação em que a mortalidade geral da população neste período é mais alta do que a mortalidade nas outras estações do ano. De acordo com estudos existentes, nas zonas com clima mais suave mas com história de quedas súbitas de temperatura, é mais relevante a situação de morte humana no Inverno, correspondendo as vítimas com idade igual ou superior a 65 anos a mais de 90% da letalidade adicional, sendo as causas principais de morte as doenças cardiovasculares (correspondente a mais de 50%) e as doenças do aparelho respiratório (a infecção do aparelho respiratório, corresponde a cerca de um terço). Por sua vez, a mortalidade de outras doenças, nomeadamente, tumores malignos, também aumenta no Inverno. Verifica-se que a ocorrência de morte adicional tem relação com a indigência e as condições humildes de habitabilidade.
Para assegurar a sua saúde, os idosos e os indivíduos com doenças crónicas bem como os profissionais e as entidades responsáveis pelos seus cuidados devem adoptar as seguintes medidas de prevenção e cuidados, destinadas à hipotermia e mortalidade adicional no Inverno:
1. Cuidados básicos adequados, incluem:
1.1. Habitação com capacidade contra frio que se mantenha a 16.o C, pelo menos, de temperatura recomendada no interior da casa de idosos e dos indivíduos com doenças crónicas;
1.2.Alimentação suficiente com alimentos nutritivos bem digeridos e, perferivelmente, quentes;
1.3. Roupa quente e roupa de cama suficiente;
1.4. Frequência de vigilância e cuidados pela família ou profissional responsável pelos cuidados deste grupo;
1.5. Prática de actividade moderada fora da casa nos dias com sol, de acordo com as condições de ambiente e estado de saúde.
2. Cuidados de saúde adequados, incluem:
2.1. Vacinação da gripe no prazo proposto, de acordo com as instruções promovidas pelos Serviços de Saúde;
2.2. Consultas periódicas destinadas às doenças frequentes;
2.3. Administração correcta e suficiente de medicamentos, segundo a recomendação médica;
2.4. Vigilância intensa de desenvolvimento de doença, com vista a detecção oportuna de agravamento da doença, permitindo-lhe um diagnóstico precoce.
3. Prevenção de comportamentos de risco.
3.1. Roupa insuficiente, refeições não periódicas e sem quantidade adequada, inacção;
3.2. Prática do exercício sem capacidade para tal e na exposição ao frio ambiental;
3.3. Abuso de bebidas alcoólicas e medicamentos.
4. Conhecimento de sistema de apoio social e serviços, instalações e métodos de socorro para efeitos de pedir a assistência se necessário, os serviços incluem:
4.1. Apoio económico e social;
4.2. Protecção de abrigo temporário;
4.3. Assistência médica e socorro urgente.