Com o objectivo de prosseguir com a monitorização da tendência epidemiológica das doenças transmissíveis em Macau e de conceber medidas de prevenção e controlo adequadas, os Serviços de Saúde, de acordo com a «Lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis» e o «Mecanismo de declaração obrigatória de doenças transmissíveis», exigem que os responsáveis das instituições médicas públicas ou privadas, os médicos que efectuem o primeiro diagnóstico, os médicos que preencham o certificado de óbito e os técnicos de diagnóstico laboratorial, devem declarar, no prazo legal, os casos de doenças transmissíveis aos Serviços de Saúde. Actualmente, existem 45 tipos de doenças em Macau que necessitam de declaração obrigatória. Os Serviços de Saúde efectuam periodicamente a análise e avaliação dos dados declarados, bem como divulgam os dados de monitorização, permitindo ao público conhecer a tendência do desenvolvimento das doenças transmissíveis, aumentando a consciência de prevenção de doenças e fazendo uma boa gestão de saúde.
Em Julho de 2025, os Serviços de Saúde registaram um total de 1.158 casos de doenças de declaração obrigatória. As quatro (4) doenças com maior número de casos foram a gripe (831 casos), a infecção por enterovírus (184 casos), a escarlatina e a varicela (27 casos cada). As doenças que apresentaram alterações significativas em relação ao mês anterior foram a infecção por norovírus (aumento de aproximadamente 220%), a infecção por enterovírus (aumento de 20,3%) e a escarlatina (redução de 53,4%).
1. Infecção por norovírus
Em Julho, foram notificados um total de 13 casos de infecção por norovírus, o que representa um aumento de aproximadamente 44,4% em relação aos nove (9) casos registados no mesmo mês do ano passado e de cerca de 220% em relação aos quatro (4) casos registados no mês anterior.
A infecção por norovírus é uma doença transmissível do tracto gastrointestinal, causada por norovírus, transmitida principalmente pelo consumo de alimentos ou água contaminados, pelo contacto com vómitos ou excrementos dos doentes e pelo contacto com os materiais contaminados, podendo também ser transmitidas por gotículas de saliva no ar. Este vírus é o principal agente patogénico da gastrenterite não bacteriana e pode causar surtos de gastrenterite em lares de idosos, escolas e outros estabelecimentos colectivos. Todos os grupos etários estão susceptíveis de infecção e o Inverno é a estação de maior incidência.
2. Infecção por enterovírus
Em Julho, foram notificados um total de 184 casos de infeção por enterovírus, o que representa uma diminuição de 66,7% em relação aos 552 casos registados no mesmo mês do ano anterior e um aumento de 20,3% face aos 153 casos registados no mês anterior.
A infecção por enterovírus pode ser causada pelo vírus Coxsackie, echovírus e enterovírus 71. A infecção pelo enterovírus ocorre durante o ano inteiro, a nível mundial, mas é no verão que tem maior incidência. Este vírus é a fonte de várias doenças, sendo as mais ligeiras e frequentes, tais como a síndrome mão-pé-boca e a herpangina e, o mesmo também pode causar complicações graves, como miocardite e meningite asséptica.
A infecção por enterovírus ocorre na maioria dos casos em crianças com idade inferior a cinco (5) anos. O período de incubação varia de três (3) a sete (7) dias, e a transmissão faz-se por contacto directo com fezes dos doentes infectados, gotículas de saliva ou com materiais contaminados. Devido ao contacto próximo das crianças nas creches e jardins-de-infância, especialmente, nas actividades de jogos, é fácil ocorrer um surto da síndrome mão-pé-boca, que é uma doença altamente contagiosa. No período inicial aparecem sintomas, tais como, febre, dor de garganta, vesículas pequenas ou pústulas vermelhas que não provocam dores nem comichão nas palmas das mãos, pés e nádegas, e surgem herpes na boca, causando posteriormente úlceras. No período de sete (7) a dez (10) dias, as vesículas e as pústulas vermelhas vão desaparecer gradualmente, e o doente fica curado. A transmissão do enterovírus principia alguns dias antes dos primeiros sintomas surgirem, localizando-se os vírus na garganta e nas fezes e, durante algumas semanas, as fezes do doente podem conter estes vírus.
3. Escarlatina
Em Julho, foram notificados um total de 27 casos de escarlatina, o que representa uma diminuição de 69,3% em relação aos 88 casos registados no mesmo mês do ano anterior e de 53,4% em relação aos 58 casos registados no mês anterior.
A Escarlatina é uma doença respiratória aguda transmissível causada pelo estreptococo beta hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes). Geralmente, o período de incubação é de 1 a 3 dias. Esta doença é transmitida principalmente através de contacto com as secreções orais ou respiratórias ou salpicos de saliva de doentes infectados. Uma vez que esteja infectado, o doente fica numa situação de elevado contágio, quer antes, quer depois da manifestação da doença. As pessoas podem contrair escarlatina em qualquer período do ano e o pico desta doença ocorre geralmente na Primavera e no Inverno e infecta principalmente crianças entre os dois (2) e os oito (8) anos de idade. Os principais sintomas são febre, dor de garganta, língua com aspecto semelhante a um morango e prurido. As erupções aparecem frequentemente no pescoço, no tórax, nas axilas, nas fossas cubitais, na virilha e no lado interno das coxas. As erupções cutâneas típicas da escarlatina não aparecem no rosto e a pele da região afectada geralmente torna-se muito áspera. Após o desaparecimento das erupções cutâneas, a pele manifesta escamação. O tratamento eficaz pode ser conseguido através da administração de antibióticos. Sem tratamento adequado esta doença pode sofrer complicações, nomeadamente com o aparecimento de otite média, febre reumática, doença renal, pneumonia, linfadenite, artrite, etc. Não existe vacina contra a escarlatina.
4. Febre de dangue e febre chikungunya
Em Julho, foram notificados dois (2) casos de dengue (um local e um importado) e nove (9) casos de febre chikungunya (dois (2) locais e sete (7) importados), ao passo que em Junho não se registou nenhum caso. Tanto a dengue como a chikungunya são doenças infecciosas transmitidas pelos mosquitos Aedes albopictus ou Aedes aegypti, com sintomas, vias de transmissão e métodos de prevenção e controlo semelhantes. O período de incubação da dengue é normalmente de quatro (4) a sete (7) dias, sendo os sintomas febre, dores de cabeça, dores nas costas, dores musculares e articulares, bem como erupções cutâneas. Os casos graves podem incluir hemorragia e choque. O período de incubação da febre chikungunya é normalmente de três (3) a sete (7) dias, com sintomas caracterizados sobretudo por febre, dores articulares intensas e erupção cutânea. Os sintomas são, normalmente, ligeiros e duram vários dias, sendo os casos graves e as mortes raros. No entanto, a dor articular pode ser suficientemente grave para limitar as actividades diárias e persistir durante semanas ou meses.
Os Serviços de Saúde alertam os residentes para a necessidade de permanecerem vigilantes e de seguirem as "três dicas de prevenção de mosquitos", a fim de prevenir e controlar as doenças transmitidas por mosquitos, como a chikungunya e a dengue. Para reduzir o risco de contrair doenças infeciosas, os Serviços de Saúde recomendam que os residentes consultem a seguinte infografia para reforçar as medidas de protecção individual.