Os Serviços de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário, hoje (27 de Julho), não registaram nenhum caso relativo à vaga de calor.
De acordo com os dados emitidos pela Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, a temperatura atingiu, terça-feira, 27 de Julho, os 36 graus Celsius, razão pela qual os Serviços de Saúde apelam aos cidadãos para prevenirem os efeitos da hipertermia.
Num ambiente de calor intenso, quando a temperatura do corpo sobe, o corpo procede naturalmente a um ajustamento fisiológico para diminuir a temperatura corporal, nomeadamente, aumentando a frequência da transpiração e da respiração. Contudo caso a temperatura ambiental seja muito elevada, caso sejam realizadas actividades ao ar livre com exposição ao sol, caso haja má ventilação dos espaços, exista muita humidade no ar, ou quando sejam usadas roupas impermeáveis, o ajustamento fisiológico do organismo pode não ser eficaz no controle da temperatura do corpo.
Nestas situações podem ocorrer diferentes fenómenos de hipertermia:
1. Síncope por calor – sob a alta temperatura, os vasos sanguíneos da epiderme dilatam, reduzindo a circulação de sangue no cérebro e nas diferentes partes do corpo, originando assim tonturas, pele húmida e fria e enfraquecimento do pulso;
2. Cãibras por calor – verifica-se uma grande quantidade de suor devido ao calor excessivo do corpo, podendo resultar em desequilíbrio de electrólitos dentro do corpo, em particular, a perda de grande quantidade de sal (cloreto de sódio) o que pode provocar a ocorrência de espasmos e convulsões musculares;
3. Exaustão por calor – apresenta-se num ambiente de calor intenso quando o corpo perde grande quantidade de água e sal, o que afecta as funções cardiovasculares. Os sintomas são constituídos por sede extrema, cansaço, falta de força dos membros, náuseas, dor de cabeça, tonturas ou inconsciência temporária, pele húmida e fria, palidez, pulso rápido e fraco;
4. Intermação – apresenta-se na sequência de uma exposição prolongada a um ambiente com calor intenso, que resulta na alteração fisiológica do organismo, afectando o sistema nervoso central e na perda das funções de ajustamento da temperatura corporal. O doente diminui gradualmente ou até pára de suar, a pele torna-se seca, quente e vermelha, o pulso apresenta-se rápido e fraco, a respiração acelera gradualmente, a consciência fica confusa e pode ocorrer até a coma, podendo a temperatura corporal atingir os 41.ºC e, se não se adoptarem medidas de refrescamento e socorrismo à vítima, esta pode sofrer de lesão cerebral irreversível ou até morrer.
Como prevenção da hipertermia os Serviços de Saúde recomendam que sejam tomadas as seguintes medidas:
1. Evitar actividade ao ar livre por longos períodos de tempo enquanto o clima estiver quente. Se for possível, tentar optar por desenvolver actividades ao ar livre no período da manhã ou ao anoitecer;
2. Usar chapéu, guarda-chuva, vestir roupas soltas, de cores claras e transpiráveis ao efectuarem actividades ao ar livre;
3. Evitar actividades extenuantes prolongadas em ambientes quentes e húmidos; quando trabalhar em ambientes quentes e húmidos tais com lavandaria e cozinha, deve utilizar ventoinha ou abrir as portas e janelas para que o ar circule;
4. Quando desenvolver actividades em ambientes muito quentes, deve ingerir bebidas electrolíticas para repor a água perdida durante a transpiração, evitar beber chá, café e outras bebidas com cafeína ou alcoólicas;
5. Não deve permanecer em veículos estacionados por longos períodos ao ar livre, sobretudo, devendo evitar deixar idosos e crianças em veículos estacionados ao ar livre;
6. Deve prestar atenção a que as pessoas obesas, idosas e de saúde frágil, como bebés, grávidas, puérperas e doentes, devem permanecer em lugares de boa ventilação e de temperatura adequada, evitando a exposição directa prolongada ao sol.
Os Serviços de Saúde apelam aos cidadãos para que, em caso de qualquer indisposição, recorra ao médico de imediato.
Se a situação for grave, devem ligar imediatamente o número de emergência 999 para o Corpo dos Bombeiros. Antes da chegada da ambulância, o doente deve ser colocado de imediato num lugar fresco e arejado, ou num recinto com ar condicionado, devendo-se baixar a sua cabeça e desapertar as roupas para que possa respirar livremente. Além disso, é necessário baixar a temperatura do corpo do doente o mais rapidamente possível, podendo-se utilizar, para o efeito, uma toalha molhada ou gelo para esfregar o seu corpo ou embrulhar o corpo com uma toalha molhada.
Deve refrescar o doente com um leque ou ventoinha até este acordar.
Ao doente consciente, que não tem vómitos, pode dar uma bebida electrolítica, cada 10 ou 15 minutos, como água com pouco sal, água mineral.
Não são recomendadas bebidas com cafeína como chá forte ou café.