A Comissão de Prevenção e Controlo das Doenças Crónicas realizou na passada sexta-feira (dia 13 de Fevereiro) a sua primeira reunião de 2015, presidida pelo Director dos Serviços de Saúde, Dr. Lei Chin Ion que esteve acompanhado do assessor do Secretariado para os Assuntos Sociais e Cultura, Dr. Kuok Cheong U.
Balanço e discussão sobre os trabalhos anuais
Esta reunião serviu para efectuar um balanço das actividades desenvolvidas durante o ano de 2014, em particular analisar a prevalência das doenças crónicas em Macau. Através da apresentação efectuada pela secretária-geral da Comissão de Prevenção e Controlo das Doenças Crónicas, a Dra. Chan Tan Mui foi possível percepcionar que os trabalhos de prevenção tem decorrido com enorme eficácia e que tem havido progressos assinaláveis no entanto, devido à influência de vários factores tais como o rápido desenvolvimento económico da sociedade, o rápido envelhecimento populacional e as mudanças dos estilos de vida, entre outras razões, têm-se verificado uma aceleração do grau de prevalência das doenças crónicas, daí ser também existir um aumento do grau de prevenção e controlo das mesmas.
Neste contexto a Dra. Chan Tan Mui mencionou que a Comissão estabeleceu um sistema de monitorização das doenças crónicas, recolhendo os dados das várias doenças crónicas obtidas nas consultas do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Hospital Kiang Wu e Centro de Saúde, que depois de analisados permite obter informações anuais sobre a prevalência das mesmas. De acordo com esta monitorização já foi possível concluir a análise dos dados referentes a 2012 relativos à taxa de prevalência das principais doenças crónicas em Macau ( proporção populacional de doentes). Assim foi possível perceber que actualmente as doenças cardiovaasculares representam 10,8%; diabetes 3,4%; cancro 1,3% e as doenças crónicas do trato respiratório inferior é de 1,0% (ver tabela 1).
Tabela 1 – Taxa de prevalência das principais doenças crónicas em Macau no ano 2012
Doença População total Masculino Feminino
Doença cardiovascular 10,8% 10,3% 11,3%
Diabete 3,4% 3,4% 3,5%
Cancro 1,3% 1,3% 1,5%
Doença crónica do trato respiratório inferior 1,0% 1,1% 1,0%
Durante a reunião foram também apresentados pela Dra. Lo Siu Ha os projectos de trabalho na área das doenças do foro oncológico, pelo Dr. Choi Chong Po os projectos a desenvolver no âmbito das doenças cardiovasculares, Dra. Lok Mei Kun, os trabalhos referentes à diabetes e o Dr. Leong Un I apresentou os trabalhos referentes às doenças respiratórias crónicas.
A Comissão concordou com a lançamento do projecto piloto de dispitagem de cancro de colorectal
De acordo com o relatório de registo de cancros de 2012, o cancro colorectal ocupa o segundo lugar no que concerne às incidências de novos casos e nos casos de morte da população. Neste contexto foram registados 169 novos casos sendo que a taxa de incidência é de 29,8% por cada 100 mil pessoas.
Com o envelhecimento populacional e a mudança do estilo da vida, prevê-se que a taxa de incidência e a taxa de mortalidade por cancro colo-rectal aumente a cada dia. Actualmente, existem duas formas de despistagem do cancro colorectal recomendadas pela comunidade internacional: 1) exame de sangue oculto nas fezes e 2) endoscopia. A endoscopia permite a observação directa, recolha de tecidos para biopsia, análise da evolução patológica, remoção de pólipos e caso seja necessário permite uma intervenção imediata. Este é um padrão-ouro no diagnóstico do cancro. Além de que estes procedimentos ajudam à detectar precocemente o cancro colorectal, prolongando a esperança de vida. 63% dos doentes de cancro colorectal de Macau podem prolongar a sua vida até 5 ou mais anos (a percentagem homóloga dos EUA é de 65%). Estes números revelam que os tratamentos disponíveis em Macau Macau estão ao nível internacional. Daí que seja importante investir em recursos no intuito de detectar e tratar mais cedo possível o cancro colo-rectal.
Perante estes resultados os membros da Comissão de Prevenção e Controlo das Doenças Crónicas concordaram com o lançamento do projecto piloto da despitagem do cancro colo-rectal em 2015. Este projecto piloto é um estudo científico de pequena escala destinado à avaliação a necessidade da despitagem do cancro colorectal e de qual o investimento necessário em recursos, obtendo dados através de amostragem científica para a investigação e análise, de modo a proporcionar a curto prazo fundamentos científicos que permitam ao Governo elaborar políticas adequadas. O projecto vai seguir as sugestões das bibliografias académicas, das instituições de estudo dos cancros ao nível mundial e do projectos de despitagem realizados em outras regiões, através da realização de exame de sangue ocultos nas fezes e outros exames de acompanhamento a mil indivíduos em estado saudável, abrangendo pessoas trabalhadoras com idade compreendida entre 50 e 74 anos, que aceitem participar no projecto, além de serem também cidadãos-alvo do estudo os grupos de alto risco de cancro colo-rectal (com antecedentes familiares de cancro colorectal, sendo a idade mínima de participação de 40 anos). Pretende-se assim obter uma eficácia na prevenção destes casos de cancro, sendo que o objectivo é proporcionar, o mais breve possível, fundamentos de avaliação das necessidades de forma idónea que permita que haja um rastreio universal.
Aumentar a divulgação do “Curso de autogestão de doenças crónicas”
Os membros da Comissão de Prevenção e Controlo das Doenças Crónicas concordaram, também que é necessário promover ainda mais a divulgação de mensagens que permitam a prevenção das doenças crónicas através dos canais de média, impusionando estilos de vida saudável. Assim, será alargada ainda este ano a divulgação do “Curso de autogestão de doenças crónicas”, no intuito de ajudar os doentes a construirem estilos de vida saudável. Para além de ajudar as instituições médicas a organizar cursos destinados aos doentes, alargando-os às instalações comunitárias e grupo de trabalhadores, tais como a Academia do Cidadão Senior e os empregadores de jogos etc., organizando o “curso de gestão de saúde” para os cidadãos que tem boas condições de saúde.
Obter eficiência nos trabalhos de tratamento das doenças crónicas
O director dos Serviços de Saúde, Dr. Lei Chin Ion, após a reunião, em declarações prestadas aos jornalistas, referiu as alterações que se registam actualmente na sociedade, a mudança de estilos de vida e de hábitos alimentares contribuem para um aumento da tendência de ocorrência das doenças crónicas em indivíduos mais jovens, daí que seja necessário que a Comissão de Prevenção e Controlo das Doenças Crónicas continue a desenvolver os trabalhos de prevenção. O Dr.Lei Chin Ion, por outro lado, salientou que a RAEM obteve resultados eficazes no tratamento das doenças crónicas, por exemplo no tratamento de insuficiência renal crónica. Quer na hemodiálise quer na diálise peritonial, alguns doentes obtiveram efeitos ideais que permitiram usufruir de tratamento eficazes de longo prazo nestes serviços por 20 ou 30 anos. No que concerne ao tratamento dos cancros, de acordo com a estatística dos Serviços de saúde, a taxa de sobrevivência a 5 anos, na RAEM, relativamente aos doentes que padecem dos principais cancros, incluindo os cancros colorectal e cancro da mama já atinge níveis internacionais. Após o tratamento a taxa de sobrevivência dos doentes aumentou significativamente.