O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) concluiu a investigação de um caso de burla relacionado com o Matadouro Municipal. No presente caso, 2 ex-funcionários de "categoria elevada" são suspeitos de terem apresentado obras inexistentes e assumido a empreitada de obras do Matadouro em nome de uma empresa alheia no período em que trabalharam nesta entidade pública. Neste caso, 6 suspeitos estão envolvidos em 11 obras efectuadas e o montante estimado é de cerca de 1 milhão e 500 mil patacas.
Conforme os elementos do processo, suspeita-se que um ex-funcionário de categoria elevada do Matadouro tenha arranjado impressos para realização de obras (em branco), obtidos de forma irregular, entre 1997 e 1999. Com esses impressos em branco, o mesmo, com a ajuda de um encarregado das obras, preenchia-os, indicando os tipos de obras a executar (que nunca foram realizadas), para depois requisitar as verbas necessárias, indicando ainda a conta bancária de um subordinado (que alegadamente não sabia de nada) para o depósito da verba, ordenando-lhe, de seguida, que procedesse ao levantamento, a fim de lhe entregar o dinheiro.
Um outro ex-encarregado de obras do Matadouro é suspeito de ter ajudado, entre 1997 e 2000, várias vezes uma companhia de decorações e uma companhia de electromecânica a serem concessionários de contratos de obras do Matadouro. Entretanto, essas duas companhias faziam a sub-concessão das obras à companhia pertencente àquele encarregado e este ganhava a diferença dos valores apresentados.
No decurso da investigação, descobriu-se que os valores das obras apresentados pelas companhias concessionárias eram o triplo dos valores do mercado. A companhia do encarregado, para conseguir maior proveito, forneceu materiais de qualidade inferior numa das obras realizadas, causando prejuízos ao Matadouro. Numa outra obra, por não ter deliberadamente executado algumas fases do projecto, provocou uma fuga de gás.
Os suspeitos confessaram ter praticado o crime de burla e ajudado outros na obtenção de concessão de obras. O caso foi encaminhado hoje (23 de Agosto) para o Ministério Público.