Anteontem, altas horas da noite, o Comissariado contra a Corrupção procedeu a uma operação surpresa no Centro Hospitalar Conde S. Januário onde, num quarto-prisão, foram apreendidos alguns objectos sujeitos a controlo por parte do Estabelecimento Prisional. Durante a operação, foram detidos 2 guardas prisionais suspeitos de abuso de poder, 1 polícia aposentado e 3 indivíduos de ambos os sexos foram convidados a deslocarem-se às instalações do CCAC, a fim de colaborarem na investigação.

No mês passado, o CCAC recebeu uma denúncia, dizendo que um doente recluso, internado no hospital há longo prazo, detinha ilegalmente na sua posse um telemóvel e que, muitas vezes, apareciam, indivíduos estranhos de ambos os sexos no seu quarto. Os guardas encarregados da vigilância são suspeitos não ter cumprido as suas atribuições e abandonado os seus postos.

Após investigação, o CCAC procedeu a uma operação com o pessoal do Estabelecimento Prisional no referido quarto-prisão. Na altura, 2 guardas prisionais foram encontrados noutro sítio a ver televisão, ficando o recluso com alguns indivíduos estranhos no quarto. O pessoal do Estabelecimento Prisional apreendeu um telemóvel, leitores de DVD e MD e um número significativo de VCD, que são objectos sujeitos ao controlo da Cadeia. Ao mesmo tempo, foram encontrados no guarda-roupa os cassetetes e algemas daqueles guardas.

De acordo com as informações obtidas, dos 4 indivíduos que foram convidados a deslocarem-se às instalações do CCAC, 2 deles são suspeitos de serem polícias aposentados da PSP e 1 outro é suspeito de ter entrado com arma de fogo para o quarto-prisão, sem obter qualquer autorização. No momento em que o pessoal do CCAC lhe perguntou se transportava uma arma de fogo, o indivíduo negou, mas na revista foi descoberta uma arma no seu corpo, acabando por ser detido pelo CCAC.

Suspeita-se que o recluso em causa comunicava frequentemente com a sua família com o referido telemóvel e, para sua segurança, o telemóvel era guardado pelo guarda de serviço; entretanto, suspeita-se ainda que os guardas em serviço forneciam jornais, informações sobre corridas de cavalos e jogos de futebol e comida aos doentes reclusos. Durante a operação, o pessoal do CCAC ouviu alguém a chamar o recluso por "patrão".

Suspeita-se também que o presente caso envolve, pelo menos, mais 4 guardas prisionais.

No decurso da investigação, os suspeitos confessaram ter detido na sua posse um telemóvel e outros objectos sujeitos a controlo, e ter levado a arma de fogo para aquela área de controlo.

Os 7 suspeitos, incluindo 6 actuais guardas prisionais e 1 polícia aposentado, foram encaminhados hoje (6 de Maio), para o Ministério Público.